Desde as publicações de Ram Charan – O Líder Criador de Líderes (2008) e O Pipeline da Liderança (2013) e de John C. Maxwell – O Livro de Ouro da Liderança (2017), pensamos o desenvolvimento de líderes através de modelos de aprendizagem e atrelados às práticas que iniciam pela liderança de si mesmo.
Ideia presente na obra de Maxwell, é super comum ouvir “a pessoa mais difícil de liderar é você”. Segundo ele o desafio está em alcançar o domínio do conhecimento próprio, de nossas forças e fraquezas e desenvolver a autoconsciência, essencial para dar luz aos comportamentos e hábitos que nos permitem superar obstáculos.
Teve oportunidade de ler sobre esses temas e já se permitiu refletir sobre suas preferências comportamentais? Já investe no autoconhecimento? Que tal iniciar pela leitura deste artigo? Nele vamos falar sobre conceitos básicos da liderança, mas cada vez mais atuais e aplicáveis. O que vamos abordar:
- Liderança em tempos de transformação digital
- Mundo VUCA e mundo BANI
- Inteligência emocional e Autoconhecimento
- Papel da Liderança
Liderança em tempos de transformação digital
Necessário ressaltar a força avassaladora da tecnologia sobre o modo como trabalhamos. Máquinas inteligentes, aumento de produtividade, digitalização de processos, uso de métodos ágeis, diminuição do trabalho operacional, surgimento de novas carreiras e novas funções, tudo isso faz parte de um contexto que destaca cada vez mais a importância da liderança.
Mudanças afetam a vida das pessoas, interferem na maneira como vivem, em seus desejos e concepções sobre o trabalho e o futuro. Empresas criam seus produtos e serviços com base nas novas demandas da sociedade e a preocupação em promover experiências positivas aos usuários torna-se aspecto central.
Mudam as demandas, processos, métodos, enfim, mudam as pessoas e os desafios da liderança crescem na mesma velocidade em que a transformação se processa. São os líderes que recebem diretamente os impactos da mudança e é através de sua atuação que entendemos as oportunidades de sucesso para as pessoas e de bons resultados para a empresa.
Temas complexos, centrados na vida e no comportamento social emergem a cada instante. Diversidade, igualdade de gênero, trabalho remoto, inclusão, preconceito racial, tudo afeta diretamente a relação dos colaboradores com suas atividades e promover o engajamento inclui mais que o domínio técnico, inclui principalmente a capacidade de relacionar-se e a manutenção do equilíbrio emocional.
Mundo VUCA e mundo BANI
No início dos anos 90, depois do final da Guerra Fria, surgem entre militares nos Estados Unidos novos conceitos para explicar as transformações e preparar o exército para situações de conflito. Diante da transformação promovida pela tecnologia, nos anos 2000, o termo VUCA começou a aparecer fortemente nas estratégias de negócios.
O que significa VUCA? Sigla em inglês para descrever Volatile (volátil), Uncertain (incerto), Complex (complexo) e Ambiguos (ambíguo), palavras que expressam características dos novos tempos. O que significam:
V – Volatile – refere-se à volatilidade e à velocidade com que as mudanças ocorrem.
U – uncertain – faz menção à incerteza do momento, ao desafio de desenvolver estratégias exatas, já que a urgência das mudanças reduz a previsibilidade dos fatos.
C – Complex – relaciona-se à complexidade, ao aumento dos fatores que pesam sobre uma decisão, já que a informação é vasta, vinda de diferentes meios, através de um universo de possibilidades da comunicação e economia globais.
A – Ambiguos – diz respeito à ambiguidade. Algo que se tinha como bom e aceito, pode tornar-se não tão bom dado os diferentes aspectos de análise, muito mais reflexão e mais dúvidas para seguir.
Esses elementos exigiram forte adaptação, não só das empresas e de seus meios de produção, mas principalmente das pessoas, que precisaram se acostumar com uma cultura de incertezas e constante mudanças, ressaltando ainda mais a importância da inteligência emocional.
Intensificam-se os processos de inclusão das soft skills nos assuntos de liderança, cada vez mais o líder precisa desenvolver habilidades para gestão de pessoas, que passam a ter total relevância para os assuntos estratégicos e os resultados das empresas.
Não bastassem todos estes desafios, iniciamos 2020 em meio à pandemia do Covid 19, o que trouxe novas características para descrever o momento. Passamos a atuar sob a visão do mundo BANI, expresso por Brittle (frágil), Anxious (ansioso), Non linear (não-linear), Incomprehensible (incompreensível). Sintetizamos aqui o significado:
B – Brittle – tivemos a certeza da fragilidade de nossa existência, o quanto somos suscetíveis ao que não podemos prever e ainda menos combater ou prevenir.
A – Anxious – ansiedade tornou-se o sentimento da vez, crescimento exponencial de casos e surtos nos consultórios e clínicas de atendimento psicológico. A pandemia e os temores de suas consequências geraram para muitos uma sensação constante de urgência, como se muitas ameaças ganhassem força ao mesmo tempo, nos submetendo a análises parciais e decisões equivocadas.
N – Non linear – as rotinas virtuais e a possibilidade de fazer muitas coisas diferentes ao mesmo tempo (trabalhar, cuidar da casa, da família, da educação dos filhos) e no mesmo ambiente, trouxeram a necessidade de se estabelecer novo planejamento, incluindo eventos muito diversificados, desconexos entre si, não lineares.
I – Incomprehensible – sensações de incompreensão e de frustração, já que o desconhecimento da situação impede que possamos responder prontamente aos desafios, nem tudo pode ser imediatamente resolvido e novo conhecimento precisa ainda se construir.
Tudo isso nos remete novamente ao equilíbrio emocional como “arma” para lidar com os desafios que a pandemia nos trouxe e encontrar novos meios para que as pessoas possam trabalhar de modo produtivo, atrelando bom desempenho e satisfação pessoal aos resultados.
Inteligência emocional e Autoconhecimento
Howard Gardner publica no início dos anos 80 a obra “Estruturas da Mente” em que menciona e descreve inteligências múltiplas e refere-se à Inteligência Emocional como a união entre as inteligências intrapessoais e interpessoais. Segundo ele, identificar as emoções das pessoas, além de reconhecer e direcionar suas próprias emoções, são as ideias centrais do conceito de Inteligência Emocional.
Não dá para deixar de citar a importância do best-seller de Daniel Goleman – Inteligência Emocional (1995), que descreve os cinco pilares de sustentação da Inteligência Emocional. São eles:
Autorresponsabilidade – Saber a importância de assumir diretamente a responsabilidade pelos acontecimentos da própria vida.
Percepção das Emoções – Reconhecer as próprias emoções e as dos outros nas circunstâncias de interação e comportar-se de modo positivo, mantendo respeito e empatia.
Gerenciar Emoções – Perceber e entender as próprias reações diante do que sentimos.
Foco – Concentrar-se sobre os aspectos positivos, valorizar qualidades
Ação – Conseguir transformar situações e agir de modo positivo, mesmo nos momentos em que sentimentos negativos imperam.
Desenvolver e consolidar o uso destes cinco pilares, são meios para que se tenha ambientes de trabalho positivos. O líder ciente de suas emoções e capaz de relacionar-se com sua equipe de modo positivo, certamente poderá manter a cooperação e o respeito entre os membros do grupo, o que favorece totalmente o engajamento e a produtividade.
Por isso a inteligência emocional ganhou tamanha importância no ambiente de trabalho. Cultivar o equilíbrio, estabelece uma perspectiva real de conforto, acolhimento, compreensão e promove maior estabilidade para enfrentar os desafios do mundo BANI. Exercer o controle das emoções (próprias e da equipe) pode evitar conflitos e trazer os problemas para um universo de real contribuição entre os membros. Confiança é um elemento crucial da nova liderança.
Mas como desenvolver a inteligência emocional? Sem dúvida o principal aspecto para o controle das emoções é o autoconhecimento. Ferramentas de análise comportamental são essenciais para o gerenciamento das equipes. O entendimento das preferências comportamentais, o reconhecimento dos aspectos mais e menos favoráveis do comportamento, a identificação de gap’s e necessidades de evolução, tornaram-se imprescindíveis para o líder.
Saber sobre si mesmo e reconhecer o potencial de sua equipe também contribui de modo decisivo para o ajuste das funções, o plano de desenvolvimento e o aumento da produtividade do time. Entender aspectos intrínsecos, que regem a motivação das pessoas e trabalhar com foco nesses aspectos, permite a percepção de genuíno interesse do gestor, gera confiança e maturidade para gerenciar as situações de crise e conduzir o time nas tempestades. Além disso, permite que as pessoas tenham uma imagem positiva da empresa, valorizando a cultura organizacional e aumentando o engajamento.
Autoconhecimento promove o equilíbrio emocional, permite viver de modo mais saudável, com menos sofrimento, menos estresse, mais satisfação e cada vez mais habilidade para lidar com as adversidades do mundo ao nosso redor.
Papel da Liderança
Refletir sobre o próprio perfil, conhecer o estilo comportamental e investir no autoconhecimento são elementos fundamentais da liderança. Buscar apoio para conhecer seu perfil e utilizar ferramentas que lhe permitam saber sobre a equipe, são bons investimentos para o sucesso da liderança.
Construir equipes produtivas e conduzí-las para o sucesso exige foco nas soft skills e trabalho intenso sobre aspectos humanos do trabalho. Capacidade técnica, background e outras habilidades dão o lastro para alcançar posições de liderança, mas só a capacidade de se relacionar positivamente com o time garante o sucesso. A liderança tem papel central nos resultados organizacionais e deve ser o diferencial para superar desafios a atingir metas das empresas.
Se você é um empresário ou um empreendedor promova o uso da inteligência emocional. Contrate especialistas, invista no autoconhecimento, permita o desenvolvimento de relações positivas. Estimule a confiança no grupo, tenha espaço para feedbacks e planos de crescimento. Priorize as informações obtidas através de análises comportamentais, tenha ferramentas de fit cultural, verifique a adesão do grupo aos valores da empresa. Esses elementos são essenciais para garantir a competitividade do negócio.
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